A UNE foi precursora de importantes movimentos culturais na sociedade brasileira. O Centro Popular de Cultura (CPC) é o mais bem sucedido deles e nos anos 60 animou a cena artística brasileira com novas experiências no campo da pesquisa e da produção cultural. Participaram do CPC nomes como Arnaldo Jabor, Cacá Diegues, Ferreira Gullar, Vianinha, entre outros. O projeto foi encerrado com o Golpe Militar de 1964
Retomada Cultural
De lá para cá, as questões políticas que envolveram as entidades estudantis – a repressão, a clandestinidade e a reorganização– determinaram um período de instabilidade das atividades culturais ligadas aos estudantes. Mas o trabalho cultural da UNE foi retomado com vigor durante as Bienais de Cultura e Arte (Salvador, 1999; Rio, 2001 e Recife-Olinda, 2003), quando foram lançadas as bases do projeto do Circuito Universitário de Cultura e Arte, os CUCAs.
1ª Bienal - Com a realização da primeira Bienal da UNE, em 1999, na cidade de Salvador, a entidade retomou seu papel de referência no cenário cultural brasileiro e passou a influir novamente nos rumos do debate sobre a elaboração das políticas pública para a área.
A Bienal reuniu cerca de 5 mil estudantes, além de diversas personalidades do mundo acadêmico, científico e artístico. A diversidade de opiniões sobre a cultura e seus desdobramentos se deu pelo olhar de artistas como Leline, Chico César, Jorge Mautner e o grupo Racionais MC’s (com uma apresentação memorável).
2ª Bienal - A iniciativa se consolidou de vez em fevereiro de 2001, com a realização da 2ª Bienal, no Rio de Janeiro, onde começou a discussão sobre uma forma mais contínua de fomentar a produção cultural e artística nas universidades. O "Lado B" (espaço para programação não-oficial) e o "Lado C" (visita e interação com as comunidades dos morros do Rio de Janeiro) foram as grandes novidades. Mas o grande fato que marcou esta edição foi o amadurecimento do trabalho cultural da UNE, que se expressou no lançamento do Circuito Universitários de Cultura e Arte, o CUCA da UNE.
Além disso, nesta edição a entidade propôs que as a
tividades do festival subsidiassem a reflexão do tema "Nossa Cultura em movimento", instigando uma discussão sobre a diversidade cultural brasileira. Desta vez, mais de 8 mil jovens participaram. As presenças marcantes foram Augusto Boal, Ziraldo, Oscar Niemeyer, O Rappa e Tom Zé.
A Bienal realizada em Recife, em fevereiro de 2003, veio para consolidar o projeto CUCA e iniciar a formação de uma rede cultural estudantil organizada nas universidades do país. Naquele ano, a partir da temática "Um encontro com a cultura popular", o festival trouxe uma programação que discutiu a identidade cultural do povo brasileiro. Foi o momento também de avaliar a postura do novo governo eleito em relação às políticas culturais e à valorização da cultura popular. Participaram o ministro da Cultura, Gilberto Gil, e o escritor Ariano Suassuna.
4ª Bienal - Em 2005, com o tema "Soy Loco por ti América", a 4ª Bienal teve o propósito de provocar uma reflexão sobre as possibilidades da integração do continente, a partir do diálogo entre a cultura e as diversidades de seus povos. O festival ocorreu em São Paulo, paralelo ao XIV Congresso Latino Americano e Caribenho de Estudantes (CLAE), fato que viabilizou a vinda de grande número de participantes de outros países. O tema do congresso, "Outra América é Possível", reforçou a idéia de unidade e integração latino-americana ao propor mudanças na área econômica, política e social. Personalidades como o ministro da educação de Cuba, Vecinno Alegrete; Aleida Guevara (médica cubana e filha de Che); Enio Candotti; Mino Carta; e Aziz Ab’saber marcaram presença.
Este último encontro também serviu de espaço para mostrar as experiências dos 10 núcleos CUCA’s formados no Brasil entre o intervalo das Bienais. O "Espaço CUCA" foi um dos principais locais do festival, servindo de referência para os interessados em conhecer o trabalho cultural desenvolvido pela UNE.
5ª Bienal – em janeiro de 2007, como tema "Brasil-África: um rio chamado Atlântico", a 5ª edição da Bienal da UNE aportou novamente no Rio de Janeiro, desta vez para propor a mais de 8 mil universitários de todo o País o debate sobre a influência africana na cultura brasileira.
Baseada na leitura do livro homônimo do historiador, diplomata e ex-presidente da Academia Brasileira de Letras, Alberto da Costa e Silva, a 5ª Bienal possibilitou aos participantes compreender que a identidade nacional passa pelo entendimento de que somos um povo em formação, novo, mestiço. Pensar que para além do tráfico negreiro, houve uma relação de enorme troca cultural entre os dois continentes.
Durante os 7 dias de festival foram 42 debates, com a presença de 170 convidados de altíssimo nível; entre eles o cantor e a época Ministro da Cultura, Gilberto Gil, o escritor angolano sensação na Flip de 2006, Ondjaki, os cantores Lenine, Naná Vasconcelos, Carlos Lyra, o escritor Ferreira Gullar entre outros. Foram 64 oficinas, ministradas por 72 profissionais de diversas áreas. Toda noite, claro, o fino da música brasileira com 15 grandes shows.
A 5ª edição também bateu recorde de inscrições: 1.304 trabalhos e 237 projetos selecionados, com a participação de 440 artistas universitários. Além disso, o festival envolveu 41 "Pontos de Cultura" do Rio de Janeiro, abrindo espaço para o diálogo entre as mais diversas manifestações culturais.
6ª Bienal venha você construir essa história!
Um comentário:
10 anos depois, a Bienal da UNE volta a Salvador
Esta edição pretende realizar amplo debate acerca da construção da identidade nacional
A idéia das Bienais surgiu em 1999 e deu início à realização de um ousado trabalho cultural do movimento estudantil. A partir daí, houve a certeza da necessidade e da possibilidade de se desenvolver um movimento cultural organizado, levado adiante pela juventude. Dez anos se passaram e de lá para cá já são cinco bienais no currículo-todas realizadas com grande êxito e atraindo, em média, 10 mil estudantes. Agora o maior festival artístico-estudantil da América Latina chega a sua 6ª edição.
Esta Bienal tem um sabor especial. Isso porque o encontro volta à cidade onde nasceu e vê materializado o sonho de ter um espaço de fomento a produção cultural estudantil, consolidado pelo trabalho contínuo do Instituto CUCA e lança seu olhar sobre o tema "Raízes do Brasil – formação e sentido do povo brasileiro".
O propósito é realizar amplo debate acerca da construção da identidade nacional e suas implicações na formação da cultura e do povo brasileiro. A escolha do título partiu da leitura do livro: "Raízes do Brasil", do historiador Sérgio Buarque de Holanda e do capítulo "Formação e sentido", da obra "O povo brasileiro", do antropólogo Darcy Ribeiro.
Abrangendo todas as áreas da produção cultural-música, artes cênicas, artes visuais, literatura, ciência e tecnologia e cinema e vídeo-a 6ª Bienal da UNE terá programação voltada para a reflexão do tema. "Será o momento de nos voltarmos para uma análise interna, de nos posicionar de frente ao espelho para redescobrir quem somos", explica o coordenador-geral da Bienal, Luis Parras.
Segundo o diretor de cultura da UNE Rafael Simões, "a realização desta bienal é importante porque, entre seus objetivos, está o papel de disseminar o conhecimento entre jovens a respeito da formação do Brasil e das diversas culturas que a compõe".
Em formato de um festival, dividido em diversas frentes de atuação, a proposta das Bienais é criar um canal permanente de comunicação horizontal, livre e democrático, para a integração e troca de experiências entre a produção artística gerada dentro das universidades brasileiras.
A Bienal procura revelar o panorama da arte estudantil, com espetáculos artísticos profissionais e amadores, debates, oficinas e mostras artísticas. Se estabelece, assim, como um evento importante e qualificado para o público universitário, que objetiva promover, incentivar e divulgar a produção cultural realizada dentro das universidades do país, proporcionando, ao mesmo tempo, um amplo debate sobre política e mercado cultural brasileiro.
Postar um comentário