
A cultura hegemônica atual dissemina diversas formas de opressão às mulheres. A desigualdade de gênero, mesmo sendo admitida algumas vezes, não é reconhecida por muitas pessoas, inclusive mulheres. Essa leitura equivocada da realidade, em conjunto com outros fatores, contribui para que a luta contra esta opressão perca força, e faz com que ela se perpetue na nossa sociedade pelas próximas gerações.A grande luta colocada para as mulheres do nosso século é eliminar essa cultura repleta de opressões. Para isso, precisamos delimita-lás e saber como elas agem e nos prejudicam, pois é através deste reconhecimento que poderemos mostrar à sociedade a conjuntura vivida pelas mulheres na sociedade atual. Além disso, com essa delimitação, podemos apontar medidas eficazes para a mudança de comportamento de todos com relação à mulher, desde o modo ideal de tratamento que ansiamos dos homens (e mulheres), até o direito ao nosso espaço nos mais diversos campos da sociedade de forma igualitária.
O desafio é muito grande! Para sabermos como essa cultura de opressão à mulher se manifesta precisamos inicialmente entender nossas próprias diferenças e semelhanças com relação aos homens, e também entre nós mesmas, e a partir disso elaborarmos nossa ação. Uma frase importante para reflexão do sociólogo português Boaventura de Souza Santos:“todos temos o direito a sermos iguais quando a diferença nos inferioriza e o direto a sermos diferentes quando a igualdade nos descaracteriza”. Este pensamento, muito disseminado na luta racial, também reflete o modo que devemos encarar a luta feminista. Não queremos ser iguais em tudo, e nem podemos.
Entretanto, não podemos admitir que estas diferenças façam com que os homens se sintam superiores às mulheres, muitas vezes explorando-as, inferiorizando-as, e tornando-as apenas objetos sexuais. Não podemos permitir que existam espaços que inexplicavelmente são “de homens”, como a própria política, por exemplo. Devemos lutar por uma MUDANÇA da concepção da mulher na sociedade atual. È preciso admitir que o homem também sofre imposições culturais, e que devemos levar essa premissa em consideração na nossa luta. É evidente que sofremos muito mais com a cultura atual, mas somente admitindo a opressão sofrida pelo homem é que poderemos ter uma empatia mais satisfatória, o que fará com que a mudança de pensamento possa ser iniciada por todos. Levando-se em conta essas premissas poderemos fortalecer a luta que é de tod@s nós: de todas que ainda crianças sentimos a diferença de tratamento entre nós, filhas, com relação aos nossos irmãos; de todas que sofremos alguma violência sexual; de todas que desejam condições iguais de inclusão e remuneração no mercado de trabalho; de todas que desejam o fim do machismo e do falso moralismo de nossa sociedade, que oprime a mulher a se comportar sob várias inibições e imposições culturais; de todas que querem ter o direito de escolher sobre suas próprias vidas! Esta luta é das estudantes, donas de casa e trabalhadoras, e também de vocês, homens que compreendem e apóiam a nossa causa. A luta é nossa!
“Ela está morrendo de tanto sangrar”
Esta frase, retirada do romance de Eça de Queiros, “O Crime do Padre Amaro”, expressa com perfeição o que ocorre com milhões de mulheres em todo Brasil (e também no mundo) no que diz
respeito ao aborto. Tal prática, realizada desde as sociedades antigas e pré-industriais, é a causa,
atualmente, de 70.000 mortes de mulheres por ano. Aqui no Brasil, configura-se como a terceira
causa de morte materna.
respeito ao aborto. Tal prática, realizada desde as sociedades antigas e pré-industriais, é a causa,
atualmente, de 70.000 mortes de mulheres por ano. Aqui no Brasil, configura-se como a terceira
causa de morte materna.
Na realidade, o índice do aborto deve ser ainda maior do que o apontado, visto que, devido à ilegalidade, sua prática é exercida na clandestinidade. E sem contar que os índices de infecções e hemorragias encobrem seqüelas de tentativa de aborto realizada em más condições. É de se notar que a lei penal perdeu sua eficácia, pois não é capaz de inibir incontáveis abortamentos realizados no nosso país.
Decerto, não é função do Estado controlar o corpo da mulher, muito menos querer usar argumentos em defesa da vida. Primeiro porque sabemos que não há uma definição precisa de quando esta começa, o que existe são apenas teorias. Segundo porque é direito das mulheres terem autonomia sobre seu próprio corpo, sua sexualidade e reprodução e isso deve ser garantido pelo Estado. No mais elas também possuem direito de recorrer a sua propria consciência para que possa tomar decisões éticas.
Teorias a parte, sabemos que nem elas, nem o Direito Penal, muito menos opiniões subjetivas são mais fortes do que as causas que uma mulher possui para abortar. Daí porque esse tema deve ser tratado como uma questão de saúde pública. Segundo relatos da CPI da Mortalidade Materna, realizada em 2001, “o aborto em más condições é visto como um problema de saúde pública e representa risco maior para as mulheres pobres e jovens”.
Isso tudo nos faz refletir quanto à permissão do Estado brasileiro de realizar abortamentos. Sua proibição leva a práticas clandestinas, o que implica sérios riscos à saúde e à vida da mulher, aumentando o risco de óbito desta devido a complicações decorrentes. Lembrando ainda que o aborto é permitido em casos de estupro ou risco de vida da mãe, só que muitos/as profissionais de saúde se recusam a realizar tal prática. É preciso sensibilizar tantos futuros/as profissinais como os/as proprios para a causa.
Aborto legal e seguro, é direito de toda a mulher!
Isso tudo nos faz refletir quanto à permissão do Estado brasileiro de realizar abortamentos. Sua proibição leva a práticas clandestinas, o que implica sérios riscos à saúde e à vida da mulher, aumentando o risco de óbito desta devido a complicações decorrentes. Lembrando ainda que o aborto é permitido em casos de estupro ou risco de vida da mãe, só que muitos/as profissionais de saúde se recusam a realizar tal prática. É preciso sensibilizar tantos futuros/as profissinais como os/as proprios para a causa.
Aborto legal e seguro, é direito de toda a mulher!
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