quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Soberania Alimentar e a Reforma Agrária


Os povos do mundo convivêm hoje com dois modelos de produção de alimentos,o desenvolvimento rural e a produção de alimentos em larga escala.Onde encontramos agro-exportação como modelo dominante baseado na lógica de mercado neo-liberal de comércio livre,acompanhado de uma visão privatista e e mercadológica da terra,água,pescas,floretas,conhecimento e de vida humana. Tem como objetivo o lucro corporativo e aumento da produção para exportação.Com isso se torna responsável pela concentração da terra e dos seus recursos nas mãos de poucas corporações.Assim como das cadeias de produção e distribuição de alimentos.

O preços dos alimentos continuam aumentando enquanto no campo o preço das culturas alimentares e dos bens agrícolas empregados na sua produção estão em constante declínio como consequência do dumping e da mesma forma a remuneração dos trabalhadores e trabalhadoras rurais.O modelo de produção é químicamente intensivo e causa danos incalculáveis ao meio ambiente e a saúde dos produtores,trabalhadores e consumidores.

O modelo de soberania alimentar dá prioridade á produção local dos alimentos para mercados locais e nacionais,negando o dumping. Este modelo tem como base a agricultura familiar e práticas de produção sustentável baseada no conhecimento local. Com um potencial produtivo melhor e menos ofensivo ao meio ambiente,propicia as famílias rurais uma vida digna e aos consumidores alimentos mais saudáveis e com preço justo. O modelo agro-exportador reprimi a agricultura familiar de forma à levá-la a extinção.

A soberania alimentar baseia-se nos conceitos dos direitos humanos, econômicos e sociais, que inclui o direito a alimentação adequada, existe um direito de pessoas rurais produzirem e isso só será possível através da reforma agrária. Acreditamos que a reforma agrária não é apenas de caráter redistributivo que altera as estruturas existentes de posse da terra e da propriedade, mas de caráter redistributivo da natureza,baseada na defesa de territórios dos agricultores,pescadores e povos indígenas.

A reforma agrária é um elemento importantíssimo do modelo de soberania alimentar.Uma medida essencial para a garantia da realização dos direitos humanos fundamentais. As políticas de soberania alimentar dão a fórmula na qual a reforma agrária e o desenvolvimento rural podem ter sucesso na eliminação da pobreza e providenciando a todos os habitantes rurais a possibilidade de uma vida digna, sendo a reforma agrária um componente integral dessas políticas.

Essa reforma deve também garantir aos povos indígenas direitos sobre os seus territórios, incluindo a recuperação dos seus territórios quando estes lhes tenham sido tirados, assim como a sua autonomia e auto-determinação.Garantindo aos pescadores tradicionais e às suas famílias, acesso a áreas de pesca , e o controle sobre a gestão dessas áreas, além do equilíbrio de suas necessidades, direitos e exigências.

A reforma agrária deve garantir a posse de terras e de recursos, acesso livre ao conhecimento e tecnologia, apoiar o uso da terra para fins produtivos, e evitar a reconcentração da terra.Assegurando mulheres oportunidades e direitos iguais, à terra e recursos naturais compensando as mulheres pela sua histórica discriminação e desvantagens sociais a que tem sido sujeitas. E a juventude a garantia de oportunidades apropriadas para um futuro digno.

Necessitamos de uma nova reforma agrária, original e genuína, firmemente escorada pelo direito a alimentação adequada, e com base no paradigma da soberania alimentar apoiada por políticas que impliquem na eliminação do latifundio, direito das mulheres de possuirem terras,terra de boa qualidade e com solos ecologicamente fortes, política ambiental,serviços essenciais e a quebra do poder das elites rurais.

O movimento estudantil junto aos demais movimentos sociais deve assumir uma postura propositiva e lutar por um modelo alternativo de soberania alimentar e que este seja popular ,baseado no direito das mulheres e homens agricultores,trabalhadores e trabalhadoras rurais,pescadores e pescadoras artesanais,no sentido de produzir alimentos para os mercados nacionais.Incluindo o controle sobre a terra e recursos naturais com base na agro-ecologia e práticas artesanais de pesca,contra a exploração do homem pelo homem e por um sistema que tenha como prioridade as pessoas.

No qual o direito a uma alimentação nutritiva,saudável,culturalmente apropriada,segura e de preço justo seja garantida com dignidade.Fazendo do direito de homens e mulheres a alimentação e do acesso aos recursos naturais uma realidade para além dos direitos individuais,assegurando os direitos coletivos das comunidades e povos.




Luciana Oliveira

Engenharia de Pesca UFC

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Centro Acadêmico

O Centro Acadêmico é o núcleo central de toda a rede do Movimento Estudantil. É nosso canal mais próximo ao estudante de cada sala de aula. Só com Centros Acadêmicos fortes e atuantes espalhados pelos quatro cantos do país que poderemos ter um movimento estudantil forte. A força da UNE se assenta na força e representatividade dos Centros Acadêmicos. Por isso é preciso construir e fortalecer essas entidades.

Cabe ao CA realizar as discussões com os estudantes do curso para encontrar soluções para os problemas enfrentados, seja na relação com os professores, temas vinculados aos conteúdos e currículos dos cursos, ou mesmo questões administrativas.

O CA deve ser um fiscalizador das atividades da instituição, lutar contra o aumento das mensalidades e contra as ações que firam o direito dos estudantes inadimplentes, por exemplo. Nas universidades públicas, deve observar as formas de aplicação dos recursos e a transparência na gestão da instituição lutando contra o sucateamento da universidade.

A diretoria do Centro Acadêmico deve garantir que haja representação discente nos departamentos, colegiados, congregações, nas Comissões Próprias de Avaliação – CPA´s que fazem parte do Sinaes – Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior.

O CA deve, também, organizar atividades acadêmicas (palestras e seminários, festas, confraternizações, a calourada, festivais de arte e cultura, atividades esportivas, etc). Ser um espaço de vivência e de referência para os estudantes do curso.Por ser o principal elo entre os estudantes do curso e as entidades gerais (DCE, UEE e UNE), o Centro Acadêmico deve estar em sintonia com o calendário do movimento estudantil e participar das atividades da UNE e das UEE's.

Cartilha dos C.A's e D.A's



http://www.une.org.br/home3/publicacoes/pdf/cartilha_cas_1__pdf.pdf

Cartilha Reforma Universitária da UNE



http://www.une.org.br/home3/movimento_estudantil/movimento_estudantil_2008/img/cartilha_reforma_universit_ria_reduzida_pdf.pdf

No dia 1 de fevereiro de 2007, a UNE recuperou sua casa após uma manifestação histórica pelas ruas da capital carioca.

Caminhando para o aniversário de 2 anos da Retomada do terreno (Durante a 5ª Bienal da UNE RJ)

No dia 1 de fevereiro de 2007, a UNE recuperou sua casa após uma manifestação histórica pelas ruas da capital carioca. Os estudantes ocuparam o terreno, que foi incendiado pela ditadura militar em 1964, e onde até o ano passado, funcionava um estacionamento irregular.

Participaram da retomada ex-presidentes da UNE de diversas épocas. Os milhares de jovens de todas as regiões do país chegaram com tambores, balões e músicas em uma grande culturata, passeata artística que encerrou a 5ª Bienal de arte e cultura. Os estudantes ficaram acampados por vários meses até sair a resolução na justiça: o terreno realmente pertence a UNE / UBES.

Hoje, a sede histórica tornou-se um grande celeiro cultural, com manifestações artísticas dos mais diferentes tipos promovidos pelo Centro Universitário de Cultura e Arte do Rio de Janeiro (CUCA-RJ) e também por entidades estaduais e municipais.




História das Bienais da UNE...

A UNE foi precursora de importantes movimentos culturais na sociedade brasileira. O Centro Popular de Cultura (CPC) é o mais bem sucedido deles e nos anos 60 animou a cena artística brasileira com novas experiências no campo da pesquisa e da produção cultural. Participaram do CPC nomes como Arnaldo Jabor, Cacá Diegues, Ferreira Gullar, Vianinha, entre outros. O projeto foi encerrado com o Golpe Militar de 1964

Retomada Cultural

De lá para cá, as questões políticas que envolveram as entidades estudantis – a repressão, a clandestinidade e a reorganização– determinaram um período de instabilidade das atividades culturais ligadas aos estudantes. Mas o trabalho cultural da UNE foi retomado com vigor durante as Bienais de Cultura e Arte (Salvador, 1999; Rio, 2001 e Recife-Olinda, 2003), quando foram lançadas as bases do projeto do Circuito Universitário de Cultura e Arte, os CUCAs.

1ª Bienal - Com a realização da primeira Bienal da UNE, em 1999, na cidade de Salvador, a entidade retomou seu papel de referência no cenário cultural brasileiro e passou a influir novamente nos rumos do debate sobre a elaboração das políticas pública para a área.

A Bienal reuniu cerca de 5 mil estudantes, além de diversas personalidades do mundo acadêmico, científico e artístico. A diversidade de opiniões sobre a cultura e seus desdobramentos se deu pelo olhar de artistas como Leline, Chico César, Jorge Mautner e o grupo Racionais MC’s (com uma apresentação memorável).

2ª Bienal - A iniciativa se consolidou de vez em fevereiro de 2001, com a realização da 2ª Bienal, no Rio de Janeiro, onde começou a discussão sobre uma forma mais contínua de fomentar a produção cultural e artística nas universidades. O "Lado B" (espaço para programação não-oficial) e o "Lado C" (visita e interação com as comunidades dos morros do Rio de Janeiro) foram as grandes novidades. Mas o grande fato que marcou esta edição foi o amadurecimento do trabalho cultural da UNE, que se expressou no lançamento do Circuito Universitários de Cultura e Arte, o CUCA da UNE.

Além disso, nesta edição a entidade propôs que as a

tividades do festival subsidiassem a reflexão do tema "Nossa Cultura em movimento", instigando uma discussão sobre a diversidade cultural brasileira. Desta vez, mais de 8 mil jovens participaram. As presenças marcantes foram Augusto Boal, Ziraldo, Oscar Niemeyer, O Rappa e Tom Zé.

3ª Bienal - Até que se chegasse à 3ª Bienal, várias ações e intervenções foram realizadas pelo CUCA. Fundou-se em São Paulo o primeiro núcleo do projeto e a partir daí realizaram-se seminários nacionais. Surgiu o jornal "Encucado" e houve a aproximação do CUCA com grupos artísticos: o projeto de artes plásticas PIA (Projeto de Interferência Ambiental) e o grupo teatral paulista Companhia São Jorge de Variedades. Etapas preparatórias foram realizadas em diversos estados, como a 2ª Bienal da UEE-SP e a etapa mineira, da UEE-MG, em conjunto com o Festival Coração de Estudante de Musica Universitária.

A Bienal realizada em Recife, em fevereiro de 2003, veio para consolidar o projeto CUCA e iniciar a formação de uma rede cultural estudantil organizada nas universidades do país. Naquele ano, a partir da temática "Um encontro com a cultura popular", o festival trouxe uma programação que discutiu a identidade cultural do povo brasileiro. Foi o momento também de avaliar a postura do novo governo eleito em relação às políticas culturais e à valorização da cultura popular. Participaram o ministro da Cultura, Gilberto Gil, e o escritor Ariano Suassuna.


4ª Bienal - Em 2005, com o tema "Soy Loco por ti América", a 4ª Bienal teve o propósito de provocar uma reflexão sobre as possibilidades da integração do continente, a partir do diálogo entre a cultura e as diversidades de seus povos. O festival ocorreu em São Paulo, paralelo ao XIV Congresso Latino Americano e Caribenho de Estudantes (CLAE), fato que viabilizou a vinda de grande número de participantes de outros países. O tema do congresso, "Outra América é Possível", reforçou a idéia de unidade e integração latino-americana ao propor mudanças na área econômica, política e social. Personalidades como o ministro da educação de Cuba, Vecinno Alegrete; Aleida Guevara (médica cubana e filha de Che); Enio Candotti; Mino Carta; e Aziz Ab’saber marcaram presença.

Este último encontro também serviu de espaço para mostrar as experiências dos 10 núcleos CUCA’s formados no Brasil entre o intervalo das Bienais. O "Espaço CUCA" foi um dos principais locais do festival, servindo de referência para os interessados em conhecer o trabalho cultural desenvolvido pela UNE.

5ª Bienal – em janeiro de 2007, como tema "Brasil-África: um rio chamado Atlântico", a 5ª edição da Bienal da UNE aportou novamente no Rio de Janeiro, desta vez para propor a mais de 8 mil universitários de todo o País o debate sobre a influência africana na cultura brasileira.

Baseada na leitura do livro homônimo do historiador, diplomata e ex-presidente da Academia Brasileira de Letras, Alberto da Costa e Silva, a 5ª Bienal possibilitou aos participantes compreender que a identidade nacional passa pelo entendimento de que somos um povo em formação, novo, mestiço. Pensar que para além do tráfico negreiro, houve uma relação de enorme troca cultural entre os dois continentes.

Durante os 7 dias de festival foram 42 debates, com a presença de 170 convidados de altíssimo nível; entre eles o cantor e a época Ministro da Cultura, Gilberto Gil, o escritor angolano sensação na Flip de 2006, Ondjaki, os cantores Lenine, Naná Vasconcelos, Carlos Lyra, o escritor Ferreira Gullar entre outros. Foram 64 oficinas, ministradas por 72 profissionais de diversas áreas. Toda noite, claro, o fino da música brasileira com 15 grandes shows.

A 5ª edição também bateu recorde de inscrições: 1.304 trabalhos e 237 projetos selecionados, com a participação de 440 artistas universitários. Além disso, o festival envolveu 41 "Pontos de Cultura" do Rio de Janeiro, abrindo espaço para o diálogo entre as mais diversas manifestações culturais.

6ª Bienal venha você construir essa história!



Por uma Universidade Popular: Esta é nossa luta



"(...) a universidade deve ser flexível... deve se pintar de negro, de índio, operário e camponês.Ou então ficar sem portas; para que o povo possa invadi-la e pintá-la com as cores que ele
quiser".
CHE GUEVARA